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"Vem do Oriente pra mexer com a gente, vem quebrar gostoso aqui no Ocidente" - Como fui pa

Era junho de 2010. Eu tinha recém chegado do Chile (em um avião da Fab haha) "foragida" do grande terremoto desse ano, e já estava mais do que ansiosa pra sair de novo do Brasil. Problemas políticos a parte, com 20 anos, tudo que a gente quer é voar, e eu, que sempre fui pássaro e sonhei a vida toda em rodar o mundo, já ansiava pelo proximo destino.

Dieta daqui, polaroids pra lá, e me lembro como se fosse ontem quando recibi a notícia. Estava voltando do lar de Frei Luiz com uma amiga e a mãe dela, tocou o telefone. A China queria que eu viajasse em 1 semana. Assim! De supetão. Como dizer : "Arrume suas malas querida, você vai dar um pulinho ali na China e volta já já. ", como se estivesse indo sei lá, ao Paraná.

Na época eu queria muito ir pra Paris, tinha um namoradinho em stand by em Londres e estava flertando com umas agencias européias. E com a promessa de uma passagem de volta com uma escala de 3 meses em Paris, embarquei de mala e curvex, pra uma viagem que dura até hoje. Sem dúvidas uma grande aventura e um dos meus maiores desafios. Um caminho de surpresas e descobertas estava apenas por começar.

Dia 28 de junho de 2010, e lá estava eu de mala e cuia, enfiada naquela lata de sardinhas por um total de mais de 20 horas, pesando 50 Kilos, com 100 dólares na carteira (os quais gastei no primeiro dia e depois tive que pedir emprego no Mc Donalds pra poder...humm...viver hahaha mas isso já é história pra um próximo post), e vigorosamente agarrada a uma carteirinha de vacinação e um cartão C&A, caminho à Hong Kong. Rumo ao desconhecido, com uma sede de descobertas que só os seus vinte e poucos anos lhe permitem ter.

O caminho foi longo, tenho muitas histórias pra contar, histórias essas que construíram quem sou hoje. Histórias que contarei aos meu filhos e netos. Verões escaldantes e invernos vigorosos, de vitórias e derrotas, muitos dias de luta e outros tantos de glória. Foram dias vividos com intensidade.

Morar na China é um exercício diário de paciência e de crescimento. Longos dias de solidão e de saudades de casa, e também de inúmeras dificuldades para obter o mais básico para sobrevivência e dignidade te transformam em um verdadeiro guerreiro, ou muitas vezes, Tarzan, afinal quem nunca se viu perdido, seja literal ou emocionalmente nessa floresta de cimento? Você aprende o improvável e vive o impossível, e eu posso te garantir, que depois de uma viagem à China, você nunca mais será o mesmo. Ainda temos muito o que aprender com a inocência e a genialidade dos Asiáticos, e estarei sempre a agradecer, a essas pessoas que me acolheram , a esse lugar que tanto me ensinou e que hoje posso chamar de lar.


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